Caos em Duas Rodas domina Nova Friburgo (RJ) enquanto prevalece a Lei da Pressa e o Silêncio nos Gabinetes

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  • Global Serviços Comerciais - Top Serrana - Editor Executivo: Gilvan Costa

Enquanto a burocracia adia operações de fiscalização para 2026, a cidade serrana bate recordes de acidentes e a população se vê refém de uma "bandidagem motorizada" que ignora sinais vermelhos até sob a janela da Prefeitura.

Em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, a integridade física dos cidadãos parece ter menos prioridade que o trâmite burocrático. Enquanto dados alarmantes de 2025 indicam que o município caminha para um recorde histórico de acidentes envolvendo motocicletas, informações extraoficiais revelam que operações efetivas contra a desordem e poluição sonora só devem sair do papel após o Carnaval, em fevereiro de 2026. Nas ruas, a realidade não espera: a terça-feira (2) foi marcada por mais colisões provocadas pela imprudência, enquanto nos bastidores políticos, tanto o Executivo quanto o Legislativo optam pelo silêncio diante dos questionamentos da imprensa, da Top Serrana, da Global Serviços Comerciais (no Facebook) e do perfil @infomarketing.global66 no Instagram.

O cenário desenhado nas últimas semanas ultrapassa a estatística de trânsito e adentra a esfera da segurança pública. Relatos de vítimas se acumulam sem que sequer virem Registros de Ocorrência (RO), descrevendo um modus operandi de "agressores declarados": motociclistas que, após causarem danos materiais e pânico, evadem-se do local furando sinais vermelhos, confiantes na impunidade. O medo de represálias e a descrença na fiscalização fazem com que o prejuízo financeiro e emocional recaia, invariavelmente, sobre o cidadão que cumpre a lei.

O Retrato da Irracionalidade no Centro

A urgência do problema materializou-se, mais uma vez, na tarde desta terça-feira, no cruzamento das ruas Moisés Amélio e General Argolo, um dos pontos nevrálgicos do trânsito no Centro. Um veículo de passeio, ocupado por um pai e sua filha, realizava uma manobra de convergência à esquerda, devidamente sinalizada e permitida, para acessar o bairro Cordoeira. A prudência do motorista, no entanto, colidiu com a pressa irracional de um motociclista.

Testemunhas relatam que o condutor da moto, ignorando a sinalização do carro à frente e as condições de segurança da via de mão dupla e estreita, forçou uma ultrapassagem pela esquerda no exato momento da conversão. O resultado foi o impacto que arrancou o para-choque do carro e amassou sua lateral, deixando a família em estado de choque, embora ilesa fisicamente. O motociclista, vítima de sua própria temeridade, tombou e feriu o braço, mas não foi socorrido ao Hospital Raul Sertã.

O episódio é sintomático. Ele expõe uma cultura de pilotagem onde a regra de circulação (Art. 29 do CTB) é suplantada pela "lei da vantagem a qualquer custo". Não se tratou apenas de um erro de cálculo, mas de uma aposta contra a física e a lei, num local onde tais ocorrências tornaram-se rotina, paralisando o trânsito e drenando recursos da sociedade.


Inércia Burocrática: A Segurança Espera o Carnaval

Se nas ruas a velocidade impera, nos corredores do poder público o ritmo é outro. Informações apuradas junto a lideranças comunitárias dão conta de que, após reuniões com Associações de Moradores no gabinete do prefeito Johnny Maycon, a resposta para o clamor contra motos com descarga livre (barulhentas) e irregulares veio acompanhada de um prazo frustrante: três meses.

A alegação de trâmites internos para viabilizar operações conjuntas empurra a solução prática para depois de fevereiro de 2026. Na prática, cria-se uma espécie de "salvo-conduto" para que a desordem continue imperando durante o verão e as festividades de fim de ano.

Enquanto isso, a poucos metros da sede da Prefeitura e da janela do Gabinete do Prefeito, próximo ao Cadima Shopping, flagrantes de desrespeito são diários. Motociclistas invadem faixas de retenção, avançam sinais vermelhos e realizam ultrapassagens pela contramão à luz do dia. A mensagem transmitida é clara: se a infração ocorre impunemente na porta da autoridade máxima do município, o restante da cidade é terra de ninguém.

Portas Fechadas: O Silêncio Institucional

Diante da gravidade do quadro, nossa reportagem buscou respostas oficiais das autoridades constituídas, mas encontrou portas fechadas.

Na Prefeitura de Nova Friburgo, a Assessoria de Comunicação, chefiada por Daniele Eddie, foi contatada, por whatsapp precisamente, na quinta, 27 de novembro. Apesar de as solicitações terem sido visualizadas, até o fechamento desta edição, na tarde desta quarta-feira, 3 de dezembro, exatos sete dias, nenhum retorno foi dado e nenhum agendamento de entrevista foi concedido.

O mesmo silêncio ecoa na Câmara de Vereadores. Buscamos uma posição do presidente da Casa para o biênio 2025/2026, vereador Dirceu Tardem (PL), solicitando uma entrevista exclusiva para discutir o papel do Legislativo na criação de leis que regulem o serviço de motofrete e responsabilizem empresas por condutores irregulares. A presidência da Casa Legislativa, no entanto, também não articulou qualquer agenda ou resposta até o fechamento desta reportagem, que em respeito e Lei de Imprensa e do princípio que norteia o verdadeiro Jornalismo (com J maiúsculo) não pode e nem nunca ficaria a mercê de premissas ou técnicas de "segurar a notícia para aguardar a vontade alheia".

No entanto, a ausência de posicionamento de ambos os poderes — Executivo e Legislativo — sugere uma desconexão preocupante com a realidade das ruas. Enquanto a população contabiliza prejuízos e o sistema de saúde absorve o custo dos traumas, a falta de uma política pública clara e de uma resposta articulada, que reforça a sensação de abandono.


Nota da Redação: O tema da mobilidade urbana e da violência no trânsito em Nova Friburgo é vasto e complexo, envolvendo questões socioeconômicas e de segurança pública. Este espaço permanece aberto para que a Prefeitura Municipal de Nova Friburgo, a Secretaria de Ordem e Mobilidade Urbana (SMOMU) e a Presidência da Câmara de Vereadores prestem os esclarecimentos necessários à população, apresentem dados oficiais e, principalmente, um cronograma de ações concretas que não dependam do calendário festivo para entrar em vigor.

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